Estado de Minas, 9 de março de 2009, segunda-feira, caderno: Gerais
PATRIMÔNIO
Casa amarela está salva da destruição
Concurso da seção mineira do Instituto de Arquitetos do Brasil estimula revitalização de importantes edificações para a história da cidade que se encontram em estado precário
Paulo Henrique Lobato
Concurso da seção mineira do Instituto de Arquitetos do Brasil estimula revitalização de importantes edificações para a história da cidade que se encontram em estado precário
Paulo Henrique Lobato
Fotos: Beto Magalhães/EM/D.A Press
Casarão erguido em 1899 na esquina da Avenida Álvares Cabral e Rua Timbiras será transformado em unidade municipal de educação infantil.
O projeto que resgatará o charme do casarão erguido em 1899 na esquina da Avenida Álvares Cabral e Rua Timbiras, no tradicional Bairro de Lourdes, em Belo Horizonte, venceu a 10ª edição do concurso patrocinado pela seção mineira do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/MG). O imóvel amarelo, cuja boa parte da estrutura foi consumida por um incêndio, em 2000, será transformado numa unidade municipal de educação infantil (Umei) e abrigará 440 crianças. O prêmio é um estímulo para que as construções que contam a história da cidade continuem com sua importância e que o patrimônio público degradado – o endereço foi desapropriado pela Prefeitura de Belo Horizonte – seja revitalizado.
A assinatura do projeto campeão é do arquiteto Marcelo Amorim e de sua colega Silvana Lamas da Matta. Ambos trabalham no Núcleo de Execução de Projetos Especiais da prefeitura e concorreram na categoria Planos e projetos: edifícios para fins religiosos; para atividades sociais, culturais e educativos; para o lazer e o entretenimento do IAB/MG. A obra deverá ter início no fim do semestre, com previsão de conclusão em um ano. Na maquete feita pelos especialistas, a inconfundível casa amarela – que não poderia perder a característica – terá o contorno das janelas, portas e outros detalhes na cor branca.
O casarão, tombado pelo patrimônio cultural do município em 1994, tem 288 metros quadrados, mas a nova unidade de educação ocupará ainda outros dois lotes, totalizando 1,8 mil metros quadrados. Os arquitetos informam que a obra será contemplada com três anexos e um estacionamento no subsolo. Na imensa casa, funcionará o setor administrativo, sala multiuso, cozinha, refeitório, despensa, sanitários, espaço para exposição que poderá ser usado como centro cultural. A varanda, que contorna parte do imóvel, é um ambiente à parte, arquitetura de muitas construções do século 19.
Arquitetos Marcelo Amorim e Silvana Lamas da Matta assinam o projeto vencedor
“O playground está localizado entre a rua e a edificação. Uma faixa de terreno natural foi mantida, no alinhamento frontal da Timbiras, para plantio das árvores”, conta Silvana. Ela e Marcelo já se classificaram em primeiro lugar, na categoria Obras construídas, pelo conjunto das 16 Umeis de BH assinadas pela dupla. A capital tem cerca de 40 unidades. “O projeto padrão concebido para as Umeis buscava a criação de uma arquitetura que reverberasse pela cidade. No projeto da unidade da Timbiras, ao contrário, a arquitetura que deve sobressair é a da casa amarela”, explicou Marcelo.
Ele detalha que o primeiro pavimento do anexo 1 será formado pelas salas de atividades, biblioteca, sanitários e, mais ao fundo, uma área de acesso ao berçário, com uma parede curva em cacos cerâmicos. No pavimento superior serão cinco salas para atividades, sanitários, sala dos professores e de reuniões e área para circulação central. “Dessa circulação central, uma passarela metálica suspensa se projeta sobre o recreio coberto. Ela vai além dos limites da construção, permitindo que a criança olhe para fora e veja sua cidade.”
O berçário ficará no anexo 2, que será construído atrás do primeiro. Será lá que as crianças vão descansar na sala de repouso. Na frente dos anexos, uma área verde fará o contraste com o movimentado e cinzento asfalto da Timbiras. A nova Umei está orçada em R$ 3,27 milhões.
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